terça-feira, 26 de agosto de 2008

Variantes linguísticas


Durante muito tempo, o ensino da língua portuguesa privilegiou como “norma culta”, com status de superioridade, a forma de falar que obedece às convenções da gramática normativa. Nas últimas décadas, graças a ampliação dos estudos na área da lingüística, lançou-se um novo olhar sob a maneira de se ver a língua.

Em um país com uma cultura rica e diversificada como é o Brasil, seria impossível imaginar uma língua una, padronizada, que se manifestasse da mesma forma em qualquer região. Tão rico quanto a cultura brasileira são os “falares brasileiros”.

A influência africana, indígena e portuguesa por si só, contribui para as enormes variações que se percebe de uma região, estado, lugar para outro, dentro de um mesmo país.

Mas, há variações de outra natureza. O nível de escolaridade, a profissão, o sexo, a idade, o contexto social em que o falante está inserido, fará com que a sua maneira de utilizar a linguagem oral, a língua portuguesa seja diferente.

Dependendo da idade do falante, haverá uma incidência maior de gírias, dependendo da situação de comunicação haverá mais formalidade. Estas variações não podem ser classificadas ou valoradas tendo como critério unicamente o quanto elas se afastam da norma padrão.

Ao apresentar o assunto em sala de aula para o aluno, é preciso ajudá-lo a perceber que todas as variações são corretas à medida que atendem a situação de comunicação a que se propõem. Atitudes preconceituosas ou discriminatórias, diante de uma fala que se afaste do padrão, devem ser evitadas e combatidas.

Por outro lado, o aluno precisará dar-se conta da necessidade de fazer a adequação de sua fala para cada contexto lingüístico. É necessário dar a este aluno condições de perceber em que momento afastar-se da norma padrão é admissível e em que situações ele não poderá fazê-lo.

E considerando que a norma padrão é a que possui maior prestígio social, e que sabidamente conhecê-la, utilizá-la, contribui sobremaneira para que o falante tenha mais oportunidade de inserção na sociedade, nos espaços acadêmicos, no mercado formal de trabalho, é imprescindível que a escola permita a este aluno o conhecimento, o estudo, e o exercício do uso da norma padrão.